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Segunda-feira, 9 de Fevereiro de 2009

O aplauso à ignorância

Os concursos de cultura geral que povoam as grelhas televisivas dão, em geral, uma triste imagem dos concorrentes. Através deles dão também uma triste imagem do sistema de ensino, em Portugal. Podia dar incontáveis exemplos de ignorância aterradora, dos mais rematados disparates proferidos com natural inocência por representantes de todos os extractos sociais e profissionais.

No caso vertente, trata-se de um aluno do curso de Medicina, supostamente a elite dos estudantes, a mais fina-flor produzida pelo ensino nacional. Pois o garoto que, com apenas dezanove anos, já estava envolvido num projecto de investigação (o que ainda piora mais as coisas), demonstrou à saciedade a sua ignorância e, simultaneamente, a sua presunção. Uma das questões do concurso relacionava-se com Descartes e a sua famosa tirada "penso, logo existo". Depois de responder erradamente, o menino afirmou convictamente que o filósofo francês tinha escrito o livro "O Erro de Descartes" (o apresentador não conseguiu disfarçar um sorriso). Mas a coisa continuou alegremente: questionado sobre qual era o seu apóstolo preferido, respondeu ser David (era assim que se chamava a luminária). Informado que não havia nenhum apóstolo de nome David e que se tratava de outra personagem bíblica, lá concordou. Em vez de se calar e esconder a sua ignorância sobre o assunto, continuou: a tal história de David e Golias não envolvia o tendão de Aquiles?

Os exemplos aqui são meramente acessórios. A questão essencial prende-se com a atroz falta de cultura geral. O sistema de ensino preocupa-se essencialmente com a transmissão de conhecimento "académico" e técnico. E, mesmo assim, de forma deficiente. Esta forma de ensinar (?) direcciona os alunos ou para o total desprezo pelo conhecimento ou para um conhecimento de manual, que não assimilam.

Ainda retomando o exemplo acima, eu acho extraordinário que um aluno possa cursar Medicina sem nunca ter estudado Descartes, durante o seu percurso académico. O problema está na forma e no conteúdo dos currículos escolares. Eles são desenhados por burocratas das "ciências da educação", que eliminam qualquer resquício de dificuldade ou de rigor. Os clássicos são ignorados e, mais do que isso, desprezados, pois a sua exigência pode traumatizar as frágeis mentes dos alunos. O resultado é a produção de gerações de analfabetos funcionais, gente sem qualquer instrumento válido que lhe permita descodificar o mundo à sua volta. Gente que, ao contrário do que genericamente se pensa, se torna mais fácil de manipular e enganar. Gente que se encontra com cada vez menos armas para lutar pela sua liberdade individual. É a própria base da Democracia que se deteriora.

publicado por bmptavares às 14:37
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